quinta-feira, 18 de junho de 2009

DE JANELAS FECHADAS

Museu do Piauí sofre com os efeitos do CO2

Por: Fábio Chaves

Principal vilão do aquecimento global, o dióxido de carbono liberado na fumaça dos automóveis, consiste, hoje, no podemos chamar de mal do século. E em Teresina a situação não poderia ser diferente. Entretanto um fato em comum vem desviando a atenção de profissionais das mais diversas áreas: o efeito dos gases poluentes sobre as peças expostas na Casa de Odilon Nunes, popularmente conhecido como Museu do Piauí.

O problema teve início, quando a Prefeitura Municipal de Teresina resolveu dar início a reestruturação do centro da capital piauiense. Com isso transferiram o fluxo de automóveis para os arredores da casa – antes, toda a área do museu era tomada de camelôs, o que, o escondia, de certa forma, de possíveis visitantes. Para a diretora da casa, Dora Medeiros, a situação é bastante complicada: “Na época nós fizemos um movimento, pacífico, de forma tentar impedir a efetivação do projeto. Trouxemos o prefeito Sílvio Mendes, fizemos reuniões e abaixo-assinados, mas, infelizmente, não deu...”.

A situação, de fato, é bastante complicada. Segundo Dora, para se climatizar a casa se faz necessário a obtenção de altíssimos recursos: “E mais, a questão não é só chegar e climatizar. A coisa é muito mais complexa!”. Em razão das peças já estarem adaptadas ao nosso tipo de clima, são necessários aparelhos altamente sofisticados para retirar a umidade do acervo. E o problema não para por aí: “No Piauí, não existe uma pessoa, sequer, que possa fazer a manutenção desses aparelhos”, indaga a diretora.

Outro vilão contra a conservação da Casa de Odilon Nunes é o crescente aumento de vendedores ambulantes na calçada do museu. Dora classifica o fluxo de pedestres e a fixação de camelôs como situações que dão resultados negativos para o museu. Com a desobstrução da área, o prédio ganhou visibilidade, porém, esta não trouxe grandes vantagens ao museu. “Passaram a circular mais pessoas na rua, com isso, os assaltos e o índice de violência apenas aumentaram. Um dia, um garoto invadiu o museu enquanto era perseguido pela polícia”.

Mas as dificuldades não residem apenas no âmbito estrutural. A carência de profissionais capacitados na área é evidente, e o pior (ou melhor) é que a casa vem recebendo visitantes bem mais exigentes.

O Público e o Museu

“Trabalhamos com crianças, pois elas são a própria visão do futuro”. É dessa forma que Dora Medeiros explica o porquê do foco nas crianças por parte do museu, e complementa: “É bem mais fácil conscientizar uma criança a preservar o patrimônio histórico e cultural de uma nação, que um adulto”.

A média anual de visitantes chega a 11 mil pessoas. Destas a maioria são estudantes, principalmente oriundos de escolas da rede pública. “A gente dá uma atenção especial às crianças e adolescentes vindos de escolas públicas, pois sabemos que eles não tem acesso a nenhum tipo de cultura”, explica Dora.

A diretora diz que não é costume, no Piauí, as pessoas saírem de suas casas para visitarem museus. Tentando mudar esse cenário o Museu do Piauí em parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico Nacional – IPHAN, vem promovendo eventos como a Semana de Museus, de forma atrair a população em geral. Aliás, desde o ano 2003, com a criação da Política Nacional de Museus, o IPHAN vem contribuindo muito para o desenvolvimento de casas como a nossa.

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