terça-feira, 16 de junho de 2009

VIÇOSA DO CÉU AO INFERNO

Cidade Cearence com Hábitos e Clima Serrano


Imagine um lugar onde a paz e a tranqüilidade são palavras de ordem. Onde céu e inferno transcendem as idealizações e se tornam lugares concretos. Onde as pessoas parecem parar no tempo, são acolhedoras e educadas, para elas lugar melhor não há. As ruas e praças são limpas, poluição nem se fala! As praças, jardins, as ruas, as casas, a comida, tudo se faz convite para se conhecer a histórica cidade Viçosa.
Situada no estado do Ceará, a cidade foi fundada por jesuítas da Companhia de Jesus no dia 15 de agosto de 1700, sendo batizada de Aldeia de Ibiapaba, então futura cidade de Viçosa. Vale ressaltar que o Padre Antonio de Vieira de Melo atuou como visitador e Superior da Missão de Ibiapaba, suas visitas foram documentadas através de relatos do padre sobre as expedições.
De acordo com o IBGE, são pouco mais de 55 mil pessoas distribuídas na região que fica bastante acima do nível do mar, nada mais que 740 metros de altitude, condição que explica o agradável clima serrano da viçosa cidade: a temperatura média gira em torno dos 20º ; quase a metade da pouco agradável média teresinense.
Podemos enumerar dezenas de motivos para se conhecer Viçosa. O clima, já dito anteriormente, por exemplo, é um deles. Outro motivo e não menos importante, são as belíssimas e históricas construções. A arquitetura de Viçosa é um convite à parte. Segundo o arquiteto e professor da Universidade Federal do Piauí, Paulo Vasconcelos, a arquitetura viçosense passou por três fases distintas. A primeira, data do período anterior ao barroco, época em que foram construídos os antigos casarões e a pomposa Igreja Matriz ou Igreja de Nossa Senhora da Assunção esta, tombada como patrimônio federal. Paulo explica que para um prédio chegar a ser tombado pela união deve ser reconhecido como algo de extrema importância para a humanidade. No Piauí, por exemplo, somente quatro monumentos são tombados pelo governo federal.
A igreja não é das maiores, o que impressiona são os detalhes: os imensos pilares brancos que sustentam a nave central, o teto todo em madeira nobre, paredes com imagens da vida de Cristo, os imensos santos esculpidos em madeira e o pequeno altar, de teto todo pintado à mão com cores sóbrias e nostálgicas conclama e enche os olhos de quem a visita.
A segunda fase da arquitetura da cidade pode ser observada em casas como a dos Pinhos e dos Fonteneles, datam do início do século XIX, época em que os mais diversos estilos arquitetônicos estiveram em voga, por isso mesmo que a segunda fase é considerada um período eclético.
A terceira e última fase vem do início do século XX até a atualidade, representam o prédio da igreja de São Francisco e as construções em torno do Mercado de Viçosa, bem como os inúmeros sobrados que povoam o lugar, dando a Viçosa um ar de cidade provinciana européia.
Em Viçosa céu e inferno são bem mais próximos do que as pessoas imaginam. A rampa do inferno que dá acesso à cidade e que é bastante íngreme, faz contraponto com a porta do céu, ponto mais alto da cidade e uma das visões mais fascinantes do lugar, principalmente na parte da noite, onde todas as luzes de Viçosa desenham uma visão de ares e contornos cinematográficos. Completam ainda o complexo do céu: os jardins com as mais diversas espécies de flores, de todas as cores, cheiros e tamanhos; a imensa escadaria de impressionantes 334 degraus que dá acesso ao mirante, à medida que subimos as escadas percebemos níveis diferentes de vegetação e clima; logo acima, na igreja do céu, Cristo braços abertos sobre Viçosa a abençoa e a consagra como uma das mais belas cidades do Brasil.
Depois de subirmos as escadas, que tal descermos até a incrível Pedra do Machado? Mas não pela escadaria! Logo atrás da Igreja do céu podemos descer por uma larga estrada emoldurada por gigantescas palmeiras justapostas geometricamente de forma elaborar uma belíssima perspectiva, dispostas num imenso tapete de grama verde e homogêneo. Logo à frente passamos pelo Hotel Municipal, pelo Banco do Brasil que mais lembra um chalé antigo e aconchegante, a praça matriz, os antigos casarões coloridos, a delegacia quase vazia, a periferia da cidade até chegarmos à reserva florestal onde passando por inúmeras descidas íngremes, cascalhos e fendas, chegaremos, enfim, à famosa pedra. A visão é deslumbrante. Somente nela é que percebemos o quanto alto estamos, abaixo da pedra, que recebe o nome por possuir o formato de um machado, se projeta um abismo de quase 300 metros de altura que nos emudece e encanta.
Não podemos deixar de lembrar do povo acolhedor, da deliciosa comida e do chocolate quente servido num barzinho que fica no mirante do céu, dos causos de assombração e da bossa nova no morro do céu sob o Cristo e a densa neblina da serra.
É obvio que Viçosa ainda tem muito a oferecer, esta foi apenas uma amostra do quão belo, misterioso e mágico é o lugar, que poderia ter recebido qualquer nome, mas, que encontraram o adjetivo quase que inerente e que caiu como uma luva sobre essa simpática cidade do interior cearense: Viçosa.














Fábio Chaves
fbchaves03@yahoo.com.br
fotos: Fábio Chaves

0 comentários: